quinta-feira, 11 de junho de 2009

RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008


Pegada da humanidade e capacidade da Terra

Nossa pegada ecológica global excede, hoje, em cerca de 30% a capacidade de
regeneração do mundo. Se nossa demanda continuar nesse mesmo ritmo, em
meados de 2030 precisaremos de dois planetas para manter nosso estilo de vida.
Orelatório deste ano registrou, pela primeira vez, o impacto de nosso consumo sobre
os recursos hídricos do planeta e nossa vulnerabilidade à escassez de água em
muitas regiões.

Essas tendências gerais têm conseqüências bem concretas e nós já as vimos ao
longo deste ano nas manchetes dos jornais.
Os preços mundiais dos produtos agrícolas tiveram aumentos recordes, em grande parte devido à crescente demandapor alimento, ração animal e biocombustíveis, e, em alguns casos, também pelosestoques minguantes de água doce.
Pela primeira vez na história, a calota de gelo polar no Ártico ficou rodeada de água, ou seja, o gelo está literalmentedesaparecendo em uma velocidade surpreendente devido ao impacto da nossa Pegada de carbono, que resulta no aquecimento global.

As emissões de carbono ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis e as
mudanças no uso do solo constituem o maior componente da Pegada da
humanidade, o que realça a principal ameaça ao nosso planeta: as mudanças
climáticas.
Pegada Ecológica é a área necessária para produzir os recursos que
utilizamos e para absorver as emissões de carbono, expressa em hectares (média)
de terra ou mar produtivo no mundo.
A análise geral feita pela GFN da PegadaEcológica mostra que a área necessária chegou a 2,7 hectares globais por pessoa.

A área disponível hoje, per capita, é de 2,1 ha.

As cinco maiores Pegadas per capita nacionais são dos Emirados Árabes, Estados
Unidos, Kuwait, Dinamarca e Austrália. As cinco menores pertencem a Maláui (país
no leste da África), Afeganistão, Haiti, Congo e Bangladesh.

A biocapacidade está distribuída de forma desigual. Oito países – Estados Unidos,
Brasil, Rússia, China, Índia, Canadá, Argentina e Austrália – possuem mais do que a
metade do total da biocapacidade mundial. Os padrões de crescimento populacional
e de consumo fazem com que três desses países sejam devedores ecológicos por
terem uma pegada superior a sua biocapacidade nacional, ou seja, a demanda por
recursos naturais e os resíduos lançados é maior do que podem oferecer e absorver.
São eles: Estados Unidos (pegada 1,8 vezes maior do que sua biocapacidade
nacional), China (2,3 vezes) e Índia ( 2,2 vezes). Em termos regionais, somente os
países europeus fora da União Européia e os países da África, da América Latina e
Caribe permanecem dentro dos limites de sua biocapacidade.

O desmoronamento do crédito ecológico é um desafio mundial. O relatório Planeta
Vivo 2008 nos diz que mais de 75% da população mundial vive em nações que são
devedoras ecológicas, pois seu nível de consumo nacional superou a biocapacidade
do país. Assim sendo, a maioria dessas nações está sustentando seu atual estilo de
vida e crescimento econômico por meio da retirada cada vez maior do capital
ecológico de outras partes do mundo.

Os EUA e a China possuem as maiores pegadas nacionais, cada um totalizando
cerca de 21% da biocapacidade global. Mas cada um dos cidadãos dos Estados
Unidos demanda uma média de 9,4 ha (ou quase 4,5 planetas se a população
mundial tivesse os mesmos padrões de consumo deles), enquanto os cidadãos da
China usam uma média de 2,1 ha do mundo por pessoa (um planeta).

Isto é um contraste se comparado com o Congo, que tem a sétima mais alta
biocapacidade por pessoa, com 13,9 ha do mundo por pessoa, e uma pegada média
de apenas 0,5 ha do mundo por pessoa. Mas o Congo enfrenta uma perspectiva de
ter sua biocapacidade degradada devido ao desmatamento e ao aumento de
demanda de uma população em crescimento e das pressões de exportação.

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